quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Sabes como o tempo voa , ontem é que foi o tempo da nossa historia

Sublimemente olhaste para trás . Reparaste que estavas sentada no chão , molhada , suja e descuidada .
Uma lágrima cristalina escorreu pela sua face vinda do olho esquerdo , lembrando o passado .
Ela podia ter aquilo tudo . Ao aperceber-se de que estava vazia , metade do seu sorriso desapareceu .
Levantou-se , caminhou no sentido contrário ao vento e chegou ao fim . A força do vento não era suficiente para a derrubar , mesmo dando pequenos passos de criança , atingiu o seu objectivo .
Colocou a mão na marca que um dia tinha sido criada por ela mesma e outro alguém . Marca essa que parecia ter deixado de libertar felicidade e toda a sua magia tinha sido diluída .
De relance , ao olhar para o seu lado direito , reparou num espelho que se encontrava pendurado numa parede de tijolos envelhecidos . Desgastado e um pouco sujo , ainda deixava visibilidade suficiente para que ela pudesse olhar-se nele .
Estava despenteada , há muitos dias que não se cuidava como costumava fazer . Embelezar-se tinha deixado de fazer sentido , não tinha ninguém para a elogiar , dizer que estava tão preciosa como uma pérola acabada de ser retirada duma concha cor de salmão .
Uma vez mais olhou para trás . O local onde estava a marca tinha desaparecido e em poucos segundos o espelho tinha ficado turvo e a sua imagem aparecia distorcida .
Percorreu um longo caminho que não lhe parecia ter fim , pisando verde erva selvagem e pedras encardidas . Cansou-se . Por uns instantes o seu pensamento levou-a um pouco mais além e fê-la perceber porque estava ali . Baixou a cabeça e quando se apercebeu de que estava tão fraca que não podia mais prosseguir , reparou que nunca se tinha levantado do chão .

Tu podias ter isto tudo , rebolando no fundo , 
anna


.
o tempo não cura o que as memorias deixam , porque o tempo vai mas as memorias ficam 

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