sexta-feira, 27 de abril de 2012

Cada vez mais perto de desistir

Acabou . É o fim .
Eram por volta das seis horas da tarde quando ela entrou no seu quarto pela primeira vez depois de um longo dia fora de casa . Assim que colocou o pé do lado de dentro da porta , uma tristeza instalou-se . Percorreu-lhe o corpo todo , entrou nos pulmões e chegou ao coração tornando-se mais profunda assim que começou a correr nas suas veias .
Era jovem e não parecia ter muito pelo qual se pudesse queixar , parecia satisfeita com a vida que levava . Estava sempre sorridente e disposta a colocar um sorriso também na face de mais alguém . Era uma das pessoas mais barulhentas e talvez um pouco parvas que alguém alguma vez tinha conhecido .
Assim que se viu inteiramente dentro do seu quarto , parou dois passos à frente da porta assim que esta se fechou . Olhava fixamente a parede como se estivesse prestes a revelar-lhe um segredo .
Pouco depois , as suas mãos pareciam ter sido submersas na água gelada do árctico de tanto tremer . Muito lentamente , levantou a mão esquerda à altura dos seus olhos e rodou-a gentilmente até que pôde ver a palma da sua mão . Daí levou-a à cara e todo os seu corpo se desvaneceu no chão . Ficou durante alguns minutos sentada no chão com o seu ombro direito encostado ao guarda-roupa , fixando um ponto aleatório no chão de mosaico escuro .
A sua cabeça era como um tornado nesse preciso momento . De todos os lados vinham novos pensamentos , novas memórias , velhas mágoas . Juntavam-se numa nuvem cinzenta que depois rodopiava e batia ruidosamente nas paredes da sua mente . Cada vez que esta nuvem embatia numa parede , uma nova lágrima parecia ter forma dentro dos seus olhos vidrados .
Parecia tão feliz , parecia tão animada ..
Até então não havia ninguém em casa , mas de repente a porta que dá acesso à sala de estar abre-se . A irmã dela tinha acabado de chegar .
Então ela levanta-se do chão o mais rapidamente que consegue e dirige-se à casa de banho . Abre a torneira para o lado da água fria e coloca as suas mãos debaixo da água corrente .
O tornado de pensamentos continua lá . Ainda está a bater nas paredes e a formar novas lágrimas , mas estas já não escorrem pela sua face .
Assim que acaba de lavar a cara e de limpar todas as lágrimas que tinha derramado , a sua irmã chega ao andar de cima , aquele em que ela estava .
Sai muito apressadamente da casa de banho e dirige-se ao quarto novamente para pegar nos seus cadernos e desce as escadas que a levam à sala de estar . Senta-se na mesa , pousa todos os seu pertences e faz o que tem a fazer .
Durante o resto do dia o tornado vai continuar a criar lágrimas invisíveis . Ela será vagabunda no seu próprio mundo até que deite a cabeça na almofada e feixe os olhos para só acordar no dia seguinte .
Vai continuar a sofrer . E todos os dias assim será até que ela redescubra o que a palavra felicidade significa .

um sorriso pode significar felicidade ou esconder tristeza ,
anna

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